domingo, 11 de março de 2012

Gosto de Fracasso

A sensação não é nada boa. É um tanto amargo o gosto de fracasso.

No natal de 2009 meu maridão me deu uma linda e "custom' moto Kansas, onde contei da minha felicidade aqui. Atento aos meu relatos de como eu sempre achei moto bacana, como andava na garupa de uma amiga lá no interior do Rio de Janeiro no auge dos meus 14 anos, ele me deu uma de presente.

Empolguei, entrei na moto-escola, peguei oito aulas (OITO) e tirei a carteira de prima. Mas acontece que aqui em BH, aulas na pista só acontecem na primeira macha e a 20 km/hora. Meu instrutor já havia confessado que aprender a andar no trânsito, só aconteceria com o tempo e isso eu iria ter que aprender sozinha.

Pois bem, a carteira chegou a fui dar uma volta. Na hora de diminuir a macha, desci de uma vez da terceira para a primeira e a moto travou a roda de trás. Esperta, espertíssima, meti pé no chão e evitei uma queda. Desde então, caros telespectadores, comecei a ter medo. Resultado: três baterias depois (de tanto a moto ficar parada, arriou três bateras) com muita dor no coração, resolvi vender a moto.

Não satisfeita, joguei o meu medo para cima das machas que eu não sabia trocar com suavidade e no tempo certo, e resolvi adquirir uma motoneta Lead da Honda em  janeiro de 2011. Toda linda e preta. Econômica e mulherzinha.

Até que andei. Fui à faculdade, poucas vezes ao trabalho, ao supermercado até que de repente, não mais que de repente, aconteceu um acidente ao meu lado. Em resumo: estava parada no sinal, do nada resolvi olhar para o retrovisor e vi um carreta vindo "chutada". Alertei os dois motoqueiros que conversavam distraidamente na espera do sinal abrir e como eles não me ouviram, se é que saiu voz da minha boca, eu joguei a moto para a calçada, quase atropelando pedestres e a carreta atropelou os dois motoqueiros de uma só vez. Fiquei suja com o sangue deles. Na hora, eu não sabia se estava machucada. Fiquei em choque. O Samu chegou e eu não sabia dizer como eu estava. Tive que fazer exames, pois eu ingeri o sangue deles. Não consegui voltar na moto. Um policial me deixou em casa.

Depois disso, guiei mais uma quatro vezes e a moto ficou parada novamente. Só gerando despesas. Toda vez que falava que iria andar de moto, eu dava um desculpa.

E hoje tomei a atitude de vender essa moto. Chorei igual criança ao ver o comprador feliz da vida levando minha motoca. Não pelo fato de desfazer dela, estou tentando praticar o desapego..., mas pelo fato de não ter conseguido enfrentar o trânsito, enfrentar meus medos.

Eu quis tanto ter uma moto e tive duas e no final eu não consegui. O medo me dominou, a insegurança me venceu. Conquistei e fracassei. Joguei tempo e dinheiro fora e sinto que decepcionei meu esposo... é como se não tivesse dado valor ao presente que ele me deu, com tanto carinho e expectativas. (Foi tão lindo receber as chaves numa caixinha).

O próximo passo é pegar a grana da moto vendida e tirar carteira de carro. Esse (eu acredito) que não tenho medo, afinal tem uma certa proteção para o meu corpo: uma lataria que é atingida antes de atingir o meu corpo, como acontece em motos.

E eu sabia guiar tão bem. Era prudente. Tinha equilíbrio e atenção. Mas tive medo. Muito medo de morrer como àqueles dois.


3 comentários:

Carla disse...

nossa Keilitcha, amiga que episódio triste vc viveu, mais sei lá eu tenho pavor de motos, acho um risco enorme sem necessidade, acho que vc faz muito bem em trocar a moto por um carro, tire sim sua carta e bora lá seguir em frente, o medo te salvou amiga, pense assim, e quanto a decepcionar seu marido, conte pra ele, que ele realizou um sonho seu, mais que por amor a vc e a ele vc se desfez da moto, mais com o dinheiro comprara algo pra vcs dois. Tudo e uma questão de por os pontos nos os amiga, Beijos e ótima semana.

Cris Medeiros disse...

Acho que entendo bem do que está dizendo. Odeio lidar com o fracasso, não sou boa nisso. Eu fico remoendo de uma forma dolorida e sempre termina numa deprê.

Eu já passei por várias situações iguais a essa da sua moto. E teve uma recente com os vídeos que pretendia gravar para o blog e que achei que por mais que gravasse tava sempre tudo uma porcaria. Me senti a pessoa mais sem talento do mundo, e claro que não é assim, mas a sensação do fracasso ela mina tudo e faz com que você só veja aquilo que não consegue fazer e esqueça das coisas que tu faz bem...

Beijocas

Cintia disse...

Keila,
Se o seu Bloguito é “Praquemvier” eu vim , amei e com certeza vou ficar!
Adoro gente franca que fala dos medos e da vida como ela é, nada fácil, mas muito deliciosa de viver!
Seu comentário lá no Blog trouxe um calorzinho gostoso pra mim de gente do bem, saiba que sempre será bem vinda ao Boteco da Cintok, por tanto puxe uma cadeira sente-se e fique a vontade para tomar aquela gelada, papear sem meia palavras e ouvir um Partido Alto, que teremos sempre por lá!
Com relação a Motoca estou na fase de aprender a andar, ao contrário de você já tenho problemas no mero equilíbrio e o aprender seria por lazer, pois não me vejo pilotando na estrada como meu Namorido faz maravilhosamente bem, me passando muita segurança por sinal.
Peço por favor (apesar de te conhecer a alguns minutos), que não se veja como fracassada, pois todo ser humano tem seu próprio limite e respeitá-lo faz parte do aprendizado diário que temos na Nossa Vida.
Não encare a venda da segunda moto como um ponto final, pois a vida pode te trazer ótimas surpresas e grandes mudança em conceitos e atitudes.
Aproveite a Habilitação do Carro que está por vir e permita que o novo entre na sua vida de uma forma que a Habilitação da Moto fique estacionada por um tempo.

Um ótima semana pra Ti Amada...
Mil Beijinhos...
Cintia Dias
http://www.botecodacintok.com/